A fertilização in vitro é um dos principais tratamentos de reprodução assistida e permite a fecundação do óvulo em ambiente laboratorial
A reprodução humana é um processo bastante complexo e que sofre influência de fatores relacionados ao ambiente, ao estilo de vida, a alterações no organismo e à presença de patologias específicas. Mesmo nos casos em que há condições de saúde consideradas ideais para uma gestação, as chances de uma mulher engravidar ao manter relações sexuais regulares sem uso de métodos anticoncepcionais é de apenas 20% a cada ciclo menstrual.
Quando um casal está há 12 meses tentando engravidar sem sucesso, é recomendado procurar um médico especializado em reprodução humana e iniciar uma investigação aprofundada com o intuito de identificar o que pode estar atrapalhando a concepção e encontrar formas de viabilizar a gestação. Dependendo das causas da infertilidade, o tratamento de fertilização in vitro pode ser recomendado. Saiba mais a seguir!

O que é FIV e como funciona?
A fertilização in vitro (FIV) é a técnica mais avançada da Reprodução Assistida. Nela, o óvulo e o espermatozoide são unidos em laboratório para formar embriões. Depois, esses embriões são cultivados, avaliados e os melhores são transferidos para o útero da mulher. A manipulação desses materiais é realizada em ambiente laboratorial e visa justamente facilitar a ocorrência de uma gestação.
A FIV é considerada uma abordagem complexa, uma vez que envolve várias etapas — sendo todas elas realizadas em laboratório. Conhecido popularmente como “bebê de proveta”, este é um método bastante seguro e eficiente para casais que enfrentam dificuldades para engravidar naturalmente, destacando-se como um dos tratamentos de reprodução humana mais utilizados na atualidade.
Como funciona a FIV?
A Fertilização in Vitro (FIV) é um tratamento de reprodução assistida de alta complexidade, no qual a fecundação do óvulo pelo espermatozoide ocorre em laboratório. O primeiro passo para a realização da FIV é uma criteriosa avaliação conduzida por um especialista em reprodução humana, que pode solicitar exames como ultrassonografia, espermograma, testes de sorologia e outras análises para entender a causa da infertilidade. Caso a FIV seja indicada como o tratamento mais adequado, o processo segue por 5 etapas: estimulação ovariana, coleta dos óvulos, coleta e preparo dos espermatozoides seguida de fertilização dos óvulos, cultivo embrionário, transferência de um ou mais embriões. O sucesso do tratamento depende de fatores como idade, qualidade dos gametas e saúde uterina.
Etapas da fertilização in vitro:
- estimulação ovariana com hormônios para desenvolver múltiplos folículos;
- coleta dos óvulos por punção folicular guiada por ultrassom;
- coleta e preparo dos espermatozoides para fertilização dos óvulos, que pode ser feita de forma convencional ou por ICSI (injeção intracitoplasmática);
- cultivo embrionário até o estágio de blastocisto;
- transferência de um ou mais embriões para o útero da mulher.
1. Estimulação ovariana para FIV
A estimulação ovariana para fertilização in vitro começa com administração de medicamentos hormonais injetáveis, utilizados para estimular o crescimento e a maturação dos óvulos que estimulam os ovários a produzir mais óvulos em um único ciclo, de modo a potencializar a capacidade fértil da mulher. Essa fase da FIV dura cerca de 9 a 12 dias, sendo acompanhada por ultrassonografias periódicas para monitorar o crescimento dos folículos ovarianos e identificar o momento ideal para induzir a ovulação por meio de um medicamento à base do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG).
2. Captação dos óvulos para fertilização in vitro
Na etapa de captação dos óvulos para fertilização in vitro, os óvulos são captados a partir de um procedimento de punção ovariana, que é realizado com uma agulha guiada por ultrassom transvaginal. A captação é feita cerca de 36 horas após a injeção de hCG e permite a coleta de uma quantidade significativa de óvulos. O material coletado é colocado em um líquido nutritivo e mantido em uma estufa até o momento da fertilização.
3. Fertilização dos óvulos na FIV
A fertilização dos óvulos na FIV acontece no mesmo dia da coleta dos óvulos, quando o parceiro realiza a coleta dos espermatozoides, por masturbação ou por procedimentos específicos, conforme o caso. Após essa etapa, os espermatozoides são cuidadosamente selecionados em laboratório e colocados em uma placa de cultura junto aos óvulos, onde ocorre a a fecundação em ambiente controlado.
4. Cultivo do embrião na fertlização in vitro
Os embriões resultantes da fertilização in vitro são monitorados e classificados de acordo com a sua capacidade de divisão e morfologia. Os mais saudáveis e que se desenvolveram adequadamente são, então, separados para a etapa de transferência.
5. Transferência embrionária
Na etapa de transferência embrionária, durante a FIV, os embriões selecionados são transferidos para o útero da mulher com o auxílio de um tubo fino e flexível (cateter). Esse procedimento é rápido e indolor, não necessitando de anestesia. O exame de gravidez é realizado cerca de 9 a 12 dias após a transferência.
Se for o desejo do casal, os embriões considerados viáveis e que não foram transferidos para o útero da mulher podem ser congelados por meio de um processo de criopreservação. Dessa forma, é possível preservá-los para serem usados em uma nova tentativa de gestação.
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Indicações da FIV
A Fertilização in Vitro (FIV) é indicada em diversos contextos de infertilidade, tanto masculina quanto feminina, além de ser uma alternativa viável para casais homoafetivos que desejam ter filhos biológicos. O tratamento é recomendado quando há dificuldades para engravidar naturalmente após um ano de tentativas (ou seis meses, no caso de mulheres com mais de 35 anos) e em situações específicas diagnosticadas por profissionais especializados.
Vamos detalhar as principais indicações, divididas por perfil.
Indicações da FIV por fatores femininos
No caso das mulheres, a FIV é indicada especialmente quando há condições clínicas que dificultam a fecundação ou o desenvolvimento natural da gravidez.
Os principais fatores de infertilidade feminina são:
- Endometriose;
- Alterações nas tubas uterinas (bloqueio ou ausência da estrutura);
- Distúrbios ovulatórios;
- Falência ovariana;
- Idade superior a 35 anos.
Indicações da fertilização in vitro por fatores masculinos
Nos homens, a FIV pode ser recomendada quando há comprometimento na produção ou qualidade dos espermatozoides.
Os principais fatores de infertilidade masculina são:
- Baixa concentração de espermatozoides;
- Motilidade prejudicada do espermatozoide;
- Problemas morfológicos nos espermatozoides;
- Ausência de gametas no sêmen.
FIV para casais homoafetivos
A FIV é uma alternativa segura e eficaz para casais homoafetivos, tanto femininos quanto masculinos, que desejam ter filhos biológicos com o auxílio de técnicas como a ovodoação, barriga solidária e banco de sêmen. O procedimento ainda é indicado em casos de infertilidade sem causa aparente e para casais que já tentaram outros métodos de reprodução assistida sem sucesso.

Quanto tempo demora a FIV?
Um ciclo de fertilização in vitro costuma durar entre 4 e 6 semanas. O processo começa com a estimulação dos ovários, que leva de 10 a 14 dias e usa hormônios para estimular o crescimento dos folículos, além de acompanhamento com ultrassons e exames. Quando os folículos estão prontos, os óvulos são coletados — e, no mesmo dia, acontece a coleta do sêmen, seguida da fertilização em laboratório. Os embriões formados são cultivados por 3 a 5 dias, até o momento da transferência embrionária para o útero. Depois disso, é preciso esperar mais 10 a 14 dias para fazer o teste de gravidez. Se sobrarem embriões, eles podem ser congelados para uso futuro. Quando o ciclo precisa ser repetido, o tratamento pode levar mais tempo.
Quais são as vantagens da FIV?
Taxa de sucesso superior a outros métodos de reprodução assistida: pode chegar a 60% por ciclo.
Possibilidade de análise genética do embrião antes da transferência: testes como PGT-A e PGT-M ajudam a identificar alterações cromossômicas e doenças genéticas.
Congelamento de embriões para novas tentativas: evita a necessidade de nova estimulação ovariana, reduzindo custos e desconfortos.
Liberdade para escolher o melhor momento para engravidar: o congelamento permite planejar a gravidez com mais flexibilidade.
Uso de óvulos doados em casos de infertilidade feminina: amplia as possibilidades para quem não pode usar os próprios gametas.
Controle preciso do preparo uterino antes da transferência: aumenta as chances de implantação do embrião.
Indicado para casos graves de infertilidade: é a técnica mais eficaz mesmo em situações mais complexas.
Eficaz mesmo em casos como obstruções tubárias, endometriose severa, ausência das trompas ou fator masculino grave: a FIV é a técnica mais eficaz para tratar esses e outros quadros complexos de infertilidade. Ela também é indicada quando outras técnicas não funcionam.
Quais são os possíveis riscos e desvantagens da FIV?
A fertilização in vitro é um tratamento seguro e eficaz, mas, como qualquer procedimento médico, pode envolver alguns riscos e desvantagens. Entre os mais conhecidos estão a síndrome da hiperestimulação ovariana, que é rara e geralmente leve, as gestações múltiplas — controladas por regras do CFM sobre o número de embriões transferidos — e a possibilidade de aborto espontâneo ou gravidez ectópica, cujas taxas são semelhantes às de uma gestação natural. Também é comum que o processo envolva algum nível de desconforto físico e impacto emocional, especialmente diante da expectativa dos resultados.
Esses efeitos variam de pessoa para pessoa e são cuidadosamente monitorados pelas equipes médicas. O acompanhamento psicológico ao longo do tratamento, quando necessário, pode ajudar a tornar a experiência mais leve. Mesmo que, em alguns casos, seja preciso repetir o ciclo, a FIV segue como uma das alternativas mais seguras e promissoras para quem deseja realizar o sonho de ter um filho.
A síndrome da hiperestimulação ovariana ocorre quando os ovários respondem de forma exagerada à estimulação hormonal da FIV, causando sintomas como inchaço, dor abdominal leve, náuseas e vômitos. É uma síndrome bastante rara, ocorrendo em apenas 2% dos casos, e os desconfortos costumam durar cerca de 1 semana. Caso a mulher engravide, entretanto, os sintomas podem se prolongar, pois a gestação mantém os níveis de hCG elevados.
Gestações múltiplas devido à transferência de mais de um embrião
A transferência de mais de um embrião durante a FIV aumenta as chances gestações múltiplas: gravidez gemelar ou tripla, o que pode elevar os riscos de parto prematuro e as chances de complicações gestacionais. Para mitigar esse perigo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabeleceu algumas regras para determinar a quantidade-limite de embriões que podem ser transferidos.
- 2 embriões por tentativa para pacientes com até 37 anos;
- 3 embriões por tentativa para pacientes com mais de 37 anos;
- Em caso de embriões euploides ao diagnóstico genético, até 2 embriões, independentemente da idade.
Riscos emocionais: ansiedade, preocupação e estresse
Um risco importante relacionado à FIV é o impacto emocional do tratamento. A descoberta da infertilidade e o processo de fertilização podem ser bastante estressantes para algumas pacientes, gerando ansiedade, incerteza e preocupação. O acompanhamento psicológico é fundamental para minimizar danos psíquicos.
Aborto espontâneo e gravidez ectópica
A possibilidade de aborto espontâneo e de gravidez ectópica também pode ser apontada como um risco da fertilização in vitro, embora nem sempre seja diretamente influenciada pela técnica. As taxas de aborto espontâneo após a FIV são equivalentes às de concepções naturais, enquanto a gravidez ectópica ocorre em menos de 3% dos casos.
Quais são as chances de engravidar com a fertilização in vitro?
A porcentagem de sucesso da FIV varia entre 45% e 60%, dependendo principalmente da idade da mulher, da receptividade do endométrio (camada interna do útero) e da qualidade do embrião formado. A saúde geral da tentante também pode influenciar no resultado, já que a fertilidade feminina está ligada ao equilíbrio hormonal e à qualidade dos gametas. Embora cada caso seja único, cuidar da saúde de forma geral pode aumentar as chances de sucesso da fertilização in vitro. Por isso, algumas recomendações são indicadas ao longo do tratamento.
Recomendações para ter boas chances de engravidar com a fertlização in vitro
- Reduzir ou suspender o consumo de álcool;
- Caso a mulher seja fumante, eliminar o tabagismo;
- Manter uma dieta equilibrada;
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Controlar e reduzir o estresse e a ansiedade.
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Qual é a diferença entre fertilização in vitro (FIV) e inseminação artificial?
A principal diferença entre FIV e inseminação artificial está no local onde ocorre a fecundação: na fertilização in vitro (FIV), ela acontece em laboratório; na inseminação artificial, ocorre no corpo da mulher.
Na FIV, os óvulos são coletados e fertilizados por espermatozoides em um ambiente controlado. Após a formação dos embriões, um ou mais são transferidos diretamente para o útero da paciente.
Na inseminação artificial, – também chamada de inseminação intrauterina (IIU) – os espermatozoides são inseridos no útero no período da ovulação, facilitando que a fecundação aconteça de forma natural, dentro do corpo. Esse método costuma ser indicado para casos mais leves de infertilidade.
Ambos os tratamentos têm o objetivo de viabilizar a gestação, promovendo o encontro entre óvulo e espermatozoide, mas utilizam abordagens distintas para isso.
Como é a fertilização in vitro para casais homoafetivos?
A fertilização in vitro (FIV) é a principal técnica de reprodução assistida para casais homoafetivos que desejam ter filhos biológicos. O procedimento segue as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e varia conforme a composição do casal.
Entre casais femininos, a FIV pode ser feita com sêmen de um doador anônimo. Também é possível optar pela gestação compartilhada, em que uma das parceiras doa os óvulos e a outra carrega a gestação. Já entre casais masculinos, a única alternativa viável é a FIV com óvulos de uma doadora anônima e uso de útero de substituição, conhecido como “barriga solidária” – que, segundo o CFM, deve ser cedido por uma parente de até 4º grau.
Para saber mais a respeito da fertilização in vitro e descobrir se a técnica é indicada para o seu caso, entre em contato e agende uma consulta com os especialistas da Mater Prime.
Fontes:
Conselho Federal de Medicina (CFM);